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Colorado do Oeste,08/06/2025

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Em 3 anos, Brasil tem 27 ataques de violência extrema em escolas; por que tantos casos?

g1.globo.com
Em 3 anos, Brasil tem 27 ataques de violência extrema em escolas; por que tantos casos?


Dos 42 ataques ocorridos desde 2001, relatório aponta que 10 foram em 2022; 12 em 2023 e 5 em 2024. Armas de fogo e facas dominam entre os instrumentos usados pelos agressores. Armas, facas e machadinha: por que tantos ataques violentos em escolas brasileiras?
De janeiro de 2001 a dezembro de 2024, ocorreram 42 ataques de violência extrema em escolas do Brasil, mostra o relatório D³e – Dados para um Debate Democrático na Educação. Desse total, 27 episódios (64,2%) foram registrados mais recentemente, entre março de 2022 e dezembro de 2024.
2022: 10 ataques
2023: 12 ataques
2024: 5 ataques
Nesta reportagem, veja:
o que é a violência niilista, que costuma aparecer como piada, ironia ou desafio;
quais as características principais dos casos de violência (tipo de arma mais usada e perfil dos agressores, por exemplo);
explicações para o aumento no número de ataques a partir de 2022;
alternativas para prevenir novas ocorrências.
O levantamento, formulado com apoio da B3 Social e da Fundação José Luiz Setúbal, já havia sido divulgado no último ano, mas agora foi atualizado e passou a contemplar também os números e as análises de 2024 — quando houve uma redução da violência nas escolas. Teríamos encontrado um caminho de prevenção?
"Vimos muitos episódios que foram desbaratados. A área da segurança 'aprendeu a lidar com os ataques' — ou seja, está atuando no sentido de identificar e de agir antes que eles aconteçam", afirma Telma Vinha, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da Unicamp.
"Porém, ainda falta muito para impedirmos o envolvimento de crianças e jovens com o extremismo e com a radicalização on-line. Falhamos na prevenção das causas e na proteção."
A pesquisa questiona se as ações de contenção e de repressão imediata, embora eficazes para evitar ataques iminentes, estão, de fato, agindo nas causas do problema. O caminho para impedir o envolvimento de jovens com o extremismo e a radicalização on-line, ou seja, para a prevenção em um sentido mais amplo e estrutural, ainda está longe de ser encontrado plenamente, afirma o relatório.
➡️O que são ataques de violência extrema em escolas? Segundo as autoras da pesquisa, Telma Vinha e Cléo Garcia (também da Unicamp), há necessariamente os seguintes elementos:
ataques cometidos de forma intencional por estudantes e ex-estudantes;
crimes de ódio e/ou movidos por vingança dentro de instituições de ensino;
motivações, em geral, relacionadas a ressentimentos ou originadas a partir de preconceitos e discriminações (misoginia, racismo, extremismo etc.);
planejamentos e uso de algum tipo de arma para matar uma ou mais pessoas.
A sensação de que 'o mundo precisa ruir'
Telma Vinha ressalta ainda que está em curso uma alteração no perfil dos ataques. "Há uma tendência de mudança do foco para eventos públicos ou para atos violentos transmitido on-line. Também [ganha espaço] um tipo de violência mais niilista — no sentido de tudo ser 'zoação' e 'brincadeira'", afirma.
➡️O que é violência niilista?
É a recusa total da ordem, a valorização do caos, a destruição e a violência como fins em si próprias.
Infiltra-se como piada, ironia ou desafio, usando humor cruel e linguagem codificada (não se anuncia abertamente como ameaça).
Não ocorre por convencimento ideológico, e sim por repetição e pelo sentimento de pertencimento a uma rede.
Atrai adolescentes (principalmente meninos) ressentidos ou deslocados.
"Em geral, [ocorre] em ambientes digitais anônimos, como fóruns e grupos fechados, que funcionam como espaços de validação: discursos antissistema, estéticas de humor sombrio e exaltação de autores de massacres criam uma cultura de desesperança, de que 'nada faz sentido' ou de que 'o mundo deve ruir'", explica Vinha.
Quais as características dos ataques a escolas no Brasil?
🔴Armas de fogo e facas foram os instrumentos mais usados pelos agressores.

🔴 Segundo a pesquisa, houve 44 mortos (32 alunos, seis funcionários e seis suicídios dos atiradores) e 113 feridos.
🔴 Dos 42 ataques, 33 (78,57%) foram ativos, com intenção de atingir o maior número possível de pessoas, e nove (21,42%) tiveram um alvo em específico.
🔴Em 81,39% dos casos, os episódios ocorreram em locais em que a famílias dos estudantes têm nível socioeconômico declarado como médio, médio-alto e alto.
🔴 São Paulo lidera o número de ataques, com 10 casos, seguido pelo Rio de Janeiro e pela Bahia, ambos com cinco.
🔴Cerca de 78% dos autores eram menores de 18 anos.
🔴Dos 45 autores de ataques (três episódios foram cometidos em dupla), apenas uma pessoa envolvida era do sexo feminino. Foi um caso de Natal, em dezembro de 2024, quando uma estudante de 19 anos baleou um colega dentro da escola. Não houve mortes, e ela respondeu criminalmente como adulta.
🔴Foram 43 escolas atingidas, sendo que um único autor invadiu duas delas (em Aracruz-ES). Desse total, são: 23 escolas estaduais, 13 municipais e sete particulares.
Aluna acende vela durante uma vigília em escola após ataque deixar professora morta em SP
REUTERS/Carla Carniel
Por que o número de ataques aumentou a partir de 2022?
É importante observar que os fatores a seguir, isoladamente, podem não ser suficientes para explicar o aumento da violência — mas, em conjunto, criam um cenário propício para a ocorrência de atos extremos.
Entram na lista:
pandemia da Covid-19 - e todas as consequências do isolamento social, do estresse, das perdas e do contato exacerbado com redes sociais;
vulnerabilidade social e emocional dos adolescentes - agravada pelo contexto de pressão por desempenho, intensificação da desigualdade ou uso massivo de tecnologias;
busca por aceitação, identidade e pertencimento - isso leva o aluno a entrar em grupos de ódio que validam experiências negativas e oferecem uma falsa sensação de acolhimento;
exposição a conteúdos violentos e participação em comunidades extremistas on-line;
disseminação de informações falsas e de teorias conspiratórias;
falta de regulação das plataformas digitais;
construção de masculinidades violentas - que associam o "ser homem" à agressividade e que fortalecem arquétipos como o do "macho alfa";
vínculos familiares fragilizados ou disfuncionais;
ambiente escolar como espaço de sofrimento - com bullying, discriminação, exclusão, humilhação e injustiças;
acesso a armas de fogo;
fragilidade nas redes de proteção e no atendimento psicossocial.
O que pode ser feito para prevenir novos ataques?
O estudo recomenda as seguintes medidas, entre outras:
regulação das plataformas digitais e medidas para conter a exposição de crianças e adolescentes a conteúdos de risco;
implementação de sistema de registro de ataques ocorridos e dos casos desbaratados pela polícia;
ampliação dos serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica;
incorporação e/ou fortalecimento do letramento racial e de gênero no dia a dia das escolas;
alfabetização midiática e educação digital;
expansão das escolas em tempo integral.
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